Monthly Archives: April 2009

“Vou pra Porto Alegre, tchau!”

Nesse feriado eu e Guilherme vamos fazer uma viagem juntos. Há tempos isso não acontece. A última vez foi em 2007, quando fomos pro Chile. Eu ainda estava casada. Dessa vez é diferente; vamos só nós dois. Achei engraçado que, quando disse a ele que iria voltar à Porto Alegre para visitar a visitar a loura dos pampas e sua trupe, ele logo se animou. Mesmo deixando a namorada aqui por quatro longos dias e vocês sabem que, aos dezoito anos, qualquer separação é vivida com uma carga pra lá de dramática. Então, quando ele anunciou que iria comigo, eu achei engraçado, mas gostei. Gostei que ele ainda ache legal viajarmos juntos. E tenho gostado mais ainda por estarmos cada dia mais próximos. É algo que eu nunca imaginaria que pudesse acontecer.

Pois bem, assim lá vamos nós para POA passear na Redenção, visitar o brique, ir ao Beira Rio (e, se tiver jogo do Colorado, Guilherme certamente enlouquecerá) e comer nos melhores restaurantes vegê que eu já tive o prazer de ir. Sim, queridos, porque eu não vou à POA pra comer churrasco, nunquinha. O melhor de tudo vai ser o frio, claro, a estrela principal. Quero frio com direito à bota e casaco, faizfavor. Quero vento geladinho na cara e cachecol amarrado no pescoço.

Mas, como nenhuma felicidade é perfeita estou levando o note. Vou ficar de castigo duas horas por dia pra poder escrever. Oh, yeah, a tese. A que nunca termina. Estou no capítulo de análise e meu tesão está perto de zero na escala Richter. Tão animada e saltitante quanto uma gata ao sol. Simplesmente não consigo terminar, não consigo. Tenho trabalhado de maneira insana e a casa me ocupa muito. Culpa da minha mãe que fez de mim uma neurótica. Eu devia mandar a conta da analista pra ela pagar.

Bom, então é isso. Talvez eu fique uns dias sem aparecer (como se eu estivesse aparecendo muito). Amanhã eu trabalho em regime de quase plantão, feito médica, de oito e meia da manhã às nove e meia da noite e não terei tempo nem de piscar. Detalhe: vou arrumar a mala amanhã à noite, na volta do trabalho e nosso voo é na quinta, às seis da manhã. Desorganizada, eu? Imagina. É que eu acho que na vida quanto mais adrenalina melhor.

Tchau, procês. Na volta, postarei fotinhas, como boa exibida que sou. Bah, vai ser tri-legal.

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POA, 2007. Saudadinha.

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A arte de buscar respostas

orgasmo3

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Bolinhas forever

bolinhas

bolinhas-3

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Amo, amo, amo bolinhas. Tem coisa mais linda? Mais vintage, mais chiquezinho? Eu tenho blusa, calcinha e roupa de cama. Tudo de pois. Claro que um look de bolinhas pode facilmente descambar pra uma coisa meio ‘vovó’. Nada como bom senso nessas horas. Agora, se a pessoa quer mesmo parecer vovozinha, tudo bem. Afinal, cada um com seus problemas.

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Sandalinha da Imporium, pulseira de 2 reau da Galeria do rock em Sumpaulo. Próxima aquisição: uma faixa de cabelo de bolinhas.

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Twittando

E quem diria que 140 caracteres poderiam fazer isso?

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Adoro Twitter, simplesmente viciei. [Pra falar bobage não tem coisa melhor.]

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A picture song is worth a thousand words:

(Versão soul clássica com Bill Withers)

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Ain’t no sunshine when she’s gone.
It’s not warm when she’s away.
Ain’t no sunshine when she’s gone
And she’s always gone too long anytime she goes away.

Wonder this time where she’s gone,
Wonder if she’s gone to stay
Ain’t no sunshine when she’s gone
And this house just ain’t no home anytime she goes away.

And I know, I know, I know, I know, I know,
I know, I know, I know, I know, I know, I know, I know,
I know, I know, I know, I know, I know, I know,
I know, I know, I know, I know, I know, I know, I know, I know

Hey, I ought to leave the young thing alone,
But ain’t no sunshine when she’s gone, only darkness everyday.
Ain’t no sunshine when she’s gone,
And this house just ain’t no home anytime she goes away.

Anytime she goes away.
Anytime she goes away.
Anytime she goes away.
Anytime she goes away.

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Surreal

Deu na mídia:

“Uruguai ensinará português nas escolas públicas a partir de 2010”

Tudo bem, beleza. Parte do acordo com o Mercosul que eles estão cumprindo. Mas a questão é: estão recebendo cursos de formação e livros de……………………………………………..Portugal!!!

Gente, um país que faz fronteira com o nosso. Olha que política linguística mais doida. Daqui a pouco a brasileirada cruza a fronteira e dá de cara com os uruguaios falando com sotaque alfacinha. Só que português de Portugal é outra língua. E ninguém avisou a eles.

Ah, quero meus sais, purfavô!

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Notícia daqui e daqui.

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Amor em três tempos

Ontem:

Amor

Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!

[…]

Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!

(Álvares de Azevedo)

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Hoje:

“Estás desempregado? Teu amor sumiu? Calma: sempre pode pintar uma jamanta na esquina.”

(Caio Fernando Abreu)

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Amanhã:

O OUTRO

só quero
o que não
o que nunca
o inviável
o impossível

não quero
o que já
o que foi
o vencido
o plausível

só quero
o que ainda
o que atiça
o impraticável
o incrível

não quero
o que sim
o que sempre
o sabido
o cabível

eu quero
o outro

(Chacal)

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Exercitando o ego

Ecos de um feriado em São Paulo:
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making off e make up

making OF and make up (a essa altura do campeonato, nem ‘ingrêis’ eu sei mais…)

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sex room

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Fernando Torquato morreria de inveja…

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cabelón

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colinho…

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… e a dona do colinho

trio

fazendo carão (na foto: Lia, eu e Pedro)

eu-e-lia-2

combinação de cores perfeita

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O feriado foi delicioso. Só não foi mais porque não tive tempo de ver todo mundo que queria. E porque cheguei à Sumpaulo debaixo do maior calor. Os paulistanos não vão entender nunca. Carioca vai à cidade da garoa pra passar frio, entendem? Qualquer 20º a gente já quer descer todo o guarda-roupa de inverno, e nisso eu sou carioquíssima. Fiquei frustrada, portanto, quando cheguei lá suada e morrendo de calor no domingo. Mas pelo poder dos deuses, ou do pensamento positivo ou da Mãe Terra – sei lá eu – na segunda-feira já deu pra sair de meia, saia de veludo e pashmina. Oh yes. Pra todas as outras coisas existe aquele cartão, mas pra diversão como eu gosto, só lá. É como eu sempre digo: São Paulo é a minha Terra do Nunca. Hohoho.

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O doutorando, esse incompreendido

Doutorando é aquele cara que fala da tese o tempo todo, faça chuva ou faça sol, quer as pessoas perguntem ou não. Via de regra, o assunto da tese pode ser resumido em uma, duas ou dez linhas, não importa. Ninguém vai entender nada mesmo. Quando isso acontece e meus amigos fazem cara de que estão saboreando cada palavra com incrível prazer eu  tenho certeza absoluta de que eles me amam. Não obstante a minha insuportável falta de noção.

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Um comentário e uma resposta

No post sobre Wittgenstein, o Thanatos fez o seguinte comentário:

é que você falou que a poesia é uma maneira de burlar um pouco as regras do que pode ou não ser dito. Na minha cabeça eu imaginei que as regras pra funcionarem ter que ser de acordo entre os envolvidos, e pra torcê-las, isso também entra em consideração.
Na relação eu x poesia, não nos entendemos. Por algum motivo eu ou não acho graça, ou não acho bonito, ou não entendo, ou qualquer combinação disso tudo. (fora umas poucas, tipo a que vc me mostrou a um tempão atrás que eu gostei)

Aí eu pensei que talvez ela não respeite a minha parte do acordo, não conseguimos, eu e a poesia, definir um conjunto de regras em que nos entendamos. Mas é só uma sugestão. Pode ser só que eu não gosto muito e pronto :)

Me deixou na dúvida também se o Witt considerava essa relação como mano a mano, uma parte com a outra, ou se é um acordo mais geral entre as pessoas todas que falam a mesma língua?

Bem, eu sei que o espaço é curto e meu tempo é escasso, mas vou tentar.

Esse exemplo da poesia me veio assim de repente, mas eu sei que tem gente – minha orientadora, inclusive – que se interessa pelas relações entre linguagem poética e filosofia não-imanentista. Nunca li nada sobre, porém, e estou falando de ‘orelhada’ mesmo. Porque eu falei isso? Primeiro, porque a filosofia de Witt. é uma tentativa de escapar do binômio ‘imanência/ceticismo’. Ou seja, ou você aposta na metafísica ou parte pra dúvida cética e aí aceita o vale-tudo. E quando eu digo ‘vale-tudo’ é vale-tudo mesmo. Algo do tipo,  qualquer coisa vale como literatura, qualquer coisa vale como arte, como tradução, etc, etc – e esse é o grande ‘nó’ dos estudos ‘pós’-tudo (pós-modernidade, pós-desconstrução, pós-essencialismo e por aí vai). Pra fugir disso – e da aposta imanentista – Witt. se apóia na noção de ‘critério’. Claro que eu não posso falar de critérios aqui, esse espaço não daria nem pro começo. Outra coisa é essa noção de que a linguagem é uma atividade regulada. Witt. diz que a essência, o sentido se expressa na gramática, mas não essa gramática normativa, e sim o ‘uso’ que os falantes fazem da língua. Gramática é uso. Sentido é uso.  Só que o uso não é solitário. Eu não posso sair por aí usando a língua do jeito que me vem à cabeça, porque eu pertenço a uma comunidade de falantes. Então é preciso que estejamos de acordo sobre algumas coisas. Eu acho que a poesia entra aí. O jogo da poesia permite que a gente ‘diga’ coisas burlando as regras estabelecidas pela linguagem. A poesia permite que se diga o ‘indizível’. Esse indizível, na verdade, não existe, ele é só mais uma ficção. Para Witt. (e eu concordo com ele) não existe a possibilidade de eu entender algo e não conseguir exteriorizá-lo, até porque ele rompe com essa dicotomia interno/externo que vem desde há muito e tem em Descartes um representante de peso.

Eu sei que o texto está cheio de ‘buracos’. Mas os diálogos são assim mesmo. A gente fala uma coisa aqui, esclarece outra ali e vai tocando.

Pra terminar, vou deixar com você dois exemplos de poesia que fazem um ‘re-arranjo’ nas regras da gramática (do uso). Um é o Manoel de Barros; outro, Sylvia Plath. Você tira as suas conclusões e me fala depois. Porque indiferente, tenho certeza de que você não vai ficar.

No descomeço era o verbo.
Só depois é que veio o delírio do verbo.
O delírio do verbo estava no começo, lá onde a
criança diz: Eu escuto a cor dos passarinhos.
A criança não sabe que o verbo escutar não funciona
para cor, mas para som.
Então se a criança muda a função de um verbo, ele
delira.
E pois.
Em poesia que é voz de poeta, que é a voz de fazer
nascimentos —
O verbo tem que pegar delírio.

Manoel de Barros, O Livro das Ignorãças

Love set you going like a fat gold watch.
The midwife slapped your footsoles, and your bald cry
Took its place among the elements.

Our voices echo, magnifying your arrival. New statue.
In a drafty museum, your nakedness
Shadows our safety. We stand round blankly as walls.

I’m no more your mother
Than the cloud that distills a mirror to reflect its own slow
Effacement at the wind’s hand.

All night your moth-breath
Flickers among the flat pink roses. I wake to listen:
A far sea moves in my ear.

One cry, and I stumble from bed, cow-heavy and floral
In my Victorian nightgown.
Your mouth opens clean as a cat’s. The window square

Whitens and swallows its dull stars. And now you try
Your handful of notes;
The clear vowels rise like balloons.


Sylvia Plath, Ariel

Tradução:

O amor faz você funcionar como redondo relógio de ouro.
A parteira bateu em seus pés, e seu grito nu
tomou o seu lugar entre os elementos.

Nossas vozes ecoam, engrandecendo a tua chegada. Estátua nova
Num museu arejado, a tua nudez
assombra a nossa segurança. Rodeamos-te brancos como
paredes.

Sou tua mãe
tanto quanto a nuvem que destila um espelho que reflete seu lento
apagamento às mãos do vento.

A noite toda a tua respiração de mariposa
Flutua entre as rosas lisas. Acordo e ouço:
move-se no meu ouvido um mar distante.

Um grito, e cambaleio para fora da cama, vaca gorda e florida
na minha camisola vitoriana.
A tua boca abre-se limpa como a de um gato. O quadrado da
janela

Empalidece e engole as estrelas sombrias. E tu agora ensaias
a tua
mão cheia de notas;
claríssimas vogais elevando-se como balões.


Eu deveria estar escrevendo a minha tese. Mas esse assunto é *tão* a minha tese. Zero de culpa.

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